Escritores são como poeira, estão por toda parte.

Escrever não é dom, mas habilidade. A maioria das pessoas pode e deveria escrever.

Primeiro: dom seria a “aptidão inata para fazer algo difícil ou raro”, mas está provado que conseguimos muito mais do que nossas realizações, logo, talento sem execução é nada.

Por isso prefiro o termo habilidade: porque dá pra aprender e melhorar. Aprendemos a andar, falar, escrever, costurar, dirigir, cozinhar, contar, desenhar. Em algumas coisas, somos medianas, nas que recebem nossa dedicação, somos melhores. Se treinamos, podemos melhorar, mesmo sem termos “nascido para”. Enquanto sua escrita se resumir a emojis, pq, vc, ñ, etc., sua comunicação não vai deslanchar.

Quando digo que escritores estão em todo lugar, não falo dos nomes nas estantes, mas das mensagens para quem você ama, em e-mails importantes, na delegação de uma tarefa, numa conversa sobre um tema duro com seus pais ou seus filhos. Escrever ajuda a, literalmente, colocar uma palavra atrás da outra, como um quebra-cabeça - ver o que encaixa, o que não, se a imagem se formando faz sentido.

Então, eu digo: todo mundo deveria escrever. Pra colocar as ideias num lugar (que é diferente de NO lugar). Pegar o furacão que está na mente e assentar em palavra escrita facilita olhar, pensar sobre, tomar decisões, dizer o que quer.

“Mas tem gente que é das letras, tem gente que é dos números”. Quantas pessoas você conhece que expressam pensamentos e sentimentos em números? Pois é. Como “pessoa de humanas” original, eu digo: fiquei boa em estatística quando joguei essa dicotomia no lixo.

Meu desafio pra você hoje: escreva CINCO LINHAS sobre uma parte do seu “furacão mental” - pode ser uma conversa, um sentimento, um problema, uma decisão - e depois me conta aqui como foi a experiência.

P.S.: No trecho de “O Caminho do Artista”, Julia Cameron diz: “Assim como as baratas, os artistas estão por toda parte”, falando de Riverside Drive. Adaptei porque eu não moro em NY e odeio baratas.